quarta-feira, setembro 19, 2007

Das Sete Maravilhas

oooA polêmica se instalou em jornais, revistas e outros meios de comunicação, enfocando a pesquisa sobre a eleição do Cristo Redentor como uma das maravilhas do mundo moderno.
oooO projeto de construção é da engenharia brasileira, que teve, como partida, desenhos do pintor Carlos Oswaldo e participação popular, carioca, na escolha do Cristo – de braços abertos. A edificação levou cinco anos. Sua realização iniciou-se em 1926. A idéia da homenagem ao Cristo com uma estátua é de 1921, quando então se organizou a campanha “Semana do Monumento”, com a intenção de conseguir fundos para sua viabilização, direcionada principalmente aos católicos.
oooNa primavera de 1931, às 19 horas e 15 minutos do dia 12 de outubro, a estátua do Cristo Redentor foi inaugurada, a 709 metros de altitude, com suas 1.145 toneladas, medindo 30 metros, mais a base de 8 metros, onde há uma capela. Corpo e braços – obra da engenharia de Heitor da Silva Costa (1873-1945), cabeça e mãos – obra da escultura do francês Paul Landowski (1875-1961).
oooSe o Cristo Redentor fosse planejado hoje, sobre o mesmo Corcovado, certamente a instalação da bela escultura seria questionada pelos órgãos de preservação ambiental. O impacto na paisagem, o necessário desmatamento para criar o acesso e a linha férrea seriam certamente entraves para a criação desse produto turístico monumental.
oooSem dúvida, o Corcovado e o Bondinho do Pão de Açúcar são os agentes publicitários mais fortes do Rio de Janeiro e produzem marketing que alcança todo o mundo. São marcas da cidade.
oooIncluir o Cristo como conjunto natureza / arte, ou só a estátua como monumento não faria diferença no ranking mundial de maravilhas, mas o todo é que é digno de nota: o recorte do verde no azul do céu sobre o granito de forma caprichosa já é maravilhoso, aliás, como todo o relevo desta cidade – linda e violenta.
oooSó o monumento, fora da “Acrópolis” em que se aninha, já seria uma bela escultura art déco digna de um museu, fosse a céu aberto ou mesmo confinada em uma nobre sala, como as do Louvre ou do Museu Britânico. Nesse caso, seria mais uma obra de arte fantástica do início do século XX, juntamente a outras que jazem nesses museus “maravilhas” como o Parthenon, cujos frisos se encontram no Museu Britânico, ou da Vênus de Milo, hoje no Louvre, e as remanescentes estátuas gigantes do antigo Egito, hoje espalhadas por várias salas de exibição.
oooO harmonioso conjunto do Corcovado não poderia ser rotulado apenas como uma das sete maravilhas contemporâneas, mas a perfeita integração da natureza com a capacidade humana de transformar matéria bruta em algo emocionante e tão bem proporcionado, apesar da monumentalidade que nos tira o fôlego, pela harmonia do conjunto.
oooNesse conjunto, a obra ultrapassa o autor e quase ninguém se lembra ou sabe quem a executou ou ainda a irmandade entre França e Brasil ali estabelecida, o país que já tinha sido aqui invasor, no século XVI, mas que, quase quatrocentos anos depois, coloca no ápice da cidade, através dessa obra de arte, a grandiosidade da criação divina e o fervor religioso que sempre caracterizou o povo brasileiro.
oooArte, política e religião estão expressas maravilhosamente e irmanadas no Cristo Redentor e no espírito globalizado da cultura e da beleza.
oooSete: sempre este número.
oooPor que não juntar sete mais sete a outras maravilhas menos nomeadas e aproveitar para rotular o planeta terra como uma das maravilhas do universo? E tentar preservá-lo!




oooVisite uma galeria... Visite um museu.

Mauro Carreiro Nolasco
JUNHO 2007