domingo, maio 13, 2007

Abaixo as armas! desde muito tempo

oooParte do território europeu fazia parte do Império Austro-Húngaro, composto da Áustria e da Hungria, numa monarquia dual, estabelecida em 1867. Suas diversificadas regiões eram marcadas por aspectos e características próprias de seus habitantes. Essas regiões estiveram em disputa desde o século I d.C. e, durante oitocentos anos, de aproximadamente 1004 a 1803, o Sacro Império Romano Germânico abrigou diversos principados. No ano de 1882, em 20 de maio, o Império Austro-Húngaro integrou o acordo militar denominado “Tríplice Aliança” – em alemão Dreibund e em italiano Triplice Alleanza – juntamente com a Alemanha e a Itália, a partir da qual cada região garantiria apoio às demais em caso de ataque.
oooNo Império Austro-Húngaro existia, bem no coração da Europa, às margens do Rio Moldava – em alemão Moldau e em checo Vltava – de nome Praga – uma encantadora cidade com pontes, catedrais, torres douradas, cúpulas de igrejas, conventos, capelas e santuários – monumentos religiosos de peregrinação católica e também monumentos judaicos e ortodoxos: “a cidade dos cem pináculos”, “a cidade dourada”. Nessa român-tica cidade, na primavera de 1843, nasceu, num palácio, no dia 9 de junho, a menina Bertha Felicie Sophie Gräfin Kinsky von Chinitz und Tettau, com o título de Condessa Kinsky von Chinitz und Tettau, filha de um Marechal de Campo e Conde, que morrera pouco antes de seu nascimento. Ela passou a infância em companhia de sua mãe Sophie, de origem burguesa, em Brunn, na Baviera, que atualmente tem por capital Munique.
oooNum período de cerca de dezessete anos, de 1856 a 1873, viveu em diversos lugares: Viena, em Klosterneuburg, arredores da capital austríaca; Wiesbaden, hoje capital da segunda maior cidade da Alemanha; Paris; Baden-Baden, hoje também cidade alemã; e Veneza.
oooApesar de ter nascido condessa, a alta sociedade nunca a aceitou. Por não admitir vender-se a um homem rico. Madura e segura de sua vida, aos trinta anos, ainda solteira, em Viena, torna-se dama de companhia e responsável pela instrução dos filhos do Barão von Suttner – quatro filhas e um filho, Arthur von Suttner, pelo qual se apaixonou e, por conta dessa paixão, foi obrigada a deixar a casa, em 1875.
oooVoltando à França, atende a um anúncio de jornal em que Alfred Nobel buscava uma secretária. Candidata-se ao cargo e inicia uma amizade que transcende ao emprego e dura mais de vinte anos. Neste tempo, ela convence o inventor da dinamite a fazer legado à paz, que ele atende criando o fundo que deu origem ao Prêmio Nobel da Paz. Mas Bertha von Suttner só seria agraciada anos após a morte do benfeitor, em 1905, sendo a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel da Paz.
oooEm menos de um ano, retorna à Áustria para rever seu apaixonado Arthur e, em 12 de junho de 1876, numa bela primavera, casam-se em segredo, em Viena. Com o segredo rompido, sofreram pressões da família do barão, e decidiram partir para o Cáucaso, onde permaneceram por quase uma década. Nesse período, Bertha ministrou aulas de música e escreveu seus primeiros livros. A novela de título "Inventário de uma Alma", teve por suporte autores evolucionistas como, por exemplo, Charles Darwin, e a narrativa sustentava o conceito social de paz.
oooRetornam definitivamente a Viena em 1885, com o aceite da família de seu marido. Foi, a partir daí, que ela escreveu a maioria de seus livros, uma férvida dedicação à literatura. Publicou, no ano de 1889, "A idade das máquinas", obra oculta pelo anonimato que foi fervorosamente criticada pelo conteúdo de nacionalismo exagerado e de excessivas citações acerca de armamentos. Em seguida, e desta vez não ficara oculta, lançou um livro que foi sucesso e traduzido para diversos idiomas – "Abaixo as armas!" (Die Waffen nieder!) – um romance que lhe garantiu fama e popularidade junto aos movimentos pacifistas. Bertha decide, em 1891, participar da estruturação do primeiro Congresso Internacional de Paz, realizado em Viena, e ainda fundou a Sociedade Austríaca dos Amigos da Paz, sendo vice-presidente do Escritório Internacional da Paz, quando da realização do III Congresso Mundial da Paz, em Roma. Fundou, no ano seguinte, o jornal, dedicado à paz, de nome “Abaixo as Armas!”, que circulou até 1899, sendo substituído pelo “Die Friedenswarte” (O lugar da paz), que Bertha prestigiou até sua morte. Participou do Congresso Internacional de Haia, em 1907, onde Rui Barbosa foi cognominado “Águia de Haya”.

oooDentre as estações do ano, a primavera é associada ao renascimento da flora e da fauna terrestres. Numa primavera floresce uma mulher de fibra e determinação, e é, também, numa primavera, a de 1914, que a Áustria tem seu solo “fertilizado” pelas cinzas de Bertha von Suttner, jogadas ao vento. Morre uma mulher que se tornaria ícone da luta pela paz no mundo inteiro e que, mesmo tendo se dedicado à paz, foi criticada – grandezas não estão isentas de injúrias.
oooA oportunidade de conhecer mais sobre ela e sua trajetória está na exposição “Bertha von Suttner – uma vida dedicada à paz” que o Consulado Geral da Áustria no Rio de Janeiro e o Parthenon Centro de Arte e Cultura, promovem. A exposição pode ser vista na Galeria do Parthenon, em 16 painéis, nos quais alguns momentos importantes e a cronologia de Bertha von Suttner são repassados. Torna-se importantíssimo no momento em que vivemos conhecer o exemplo de um clamor que é nosso também: a luta pela paz e o “abaixo as armas!”.
oooO Parthenon fica na rua General Andrade Neves 40, no Centro de Niterói.

oooVisite uma galeria... Visite um museu.

Mauro Carreiro Nolasco
ABRIL 2007

1 Comments:

Blogger LUIZ GABINA said...

CARO AMIGO MAURO, É UMA ENORME SATISFAÇÃO VÊ-LO AQUI !
DEPOIS DA INAUGURAÇÃO DO RESTAURANTE, FIQUEI PENSANDO...COMO REVÊ-LO ?

E AÍ, ENCONTREI VC AQUI !

TÁ BUNITINHO VIU !!!

BJS NAS NDGS

LUIZ

11:40 AM  

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