sexta-feira, maio 11, 2007

Um soldado na arte litúrgica

oooEstava outro dia sentado à mesa de trabalho com a intenção de escrever um artigo para o jornal. Procurava, já irritado, por umas anotações que eu tinha absoluta certeza ter arquivado em meu computador, contudo, não as encontrava.
oooFoi quando alguém, percebendo minha inquietação, perguntou: – Por que estás assim? Imediatamente após minha resposta a solução foi-me apresentada de forma simples e de fácil execução: – Faça um pedido a São Longuinho, é fácil: “São Longuinho, São Longuinho, se eu achar o que estou procurando, eu dou três pulinhos!”, é só fazer seu pedido que ele logo-logo agirá e você encontrará o que procura. E não esqueça de cumprir sua parte.
oooAntes que eu falasse qualquer coisa, a pessoa se retirou e me deixou com essa incumbência, ou melhor, com a “solução” para o meu problema. Fui, então, procurar saber sobre o santo e sua fama milagrosa.
oooConta a história que Longuinho (Longinus) foi centurião, sujeito responsável por comandar uma centúria – formação composta de dez fileiras com dez homens cada – cem soldados. Um conjunto de centúrias formava uma legião: estrutura militar utilizada pelos romanos da era cristã. O centurião mesmo possuindo posto de destaque em seu grupo, lutava em igualdade, como os seus comandados. Conta também a história que este homem, quando soldado, participou da crucificação de Jesus.
oooA crucificação era uma prática de execução imposta pelos romanos a escravos. Num ato cruel de “passar-vergonha e tortura”, submetia-se o condenado a um castigo que se seguia ao ritual: despido, sofria a flagelação e, depois, era fixado a uma coluna de madeira por pregos, algumas vezes era apenas amarrado, e, por fim, açoitado. Era o criminoso quem transportava sua 'cruz' ao local da execução e, por vezes, morria pelo açoite.

oooAto semelhante aconteceu com Jesus. Ao final de sua crucificação o centurião Longuinho, cumprindo ordens, perfurou-o com uma lança, para certificar-se de sua morte e o líquido que saiu do ferimento atingiu um de seus olhos, curando-o de uma doença grave nesse olho. O fato levou o centurião a abandonar o exército e a transformar-se num monge. Por causa de sua fé cristã, foi perseguido, preso e torturado – dentes arrancados e língua decepada - e, por não renunciar a sua fé em Cristo, foi decapitado - morreu como mártir.
oooA “Arte Litúrgica” representa esse santo de duas maneiras: “um soldado com uma lança apontada para os olhos” ou “um soldado com os braços abertos segurando uma lança”. A lança desse centurião romano está hoje em Viena, na Áustria.
oooAtualmente é também representado como um eremita, com sua lanterna à mão, à altura dos olhos, e um cajado, ou lança, na outra mão. A invocação a esse santo, na busca de objetos perdidos, é acompanhada com o hábito popular de se dar três pulinhos após encontrar o objeto perdido – um ato de fé e também místico – que teve início no leste da Europa, cuja festa é comemorada todo dia 16 de outubro. Entretanto, no Brasil e na Espanha, isso ocorre no dia 15 de março.

oooEssa curiosidade sobre São Longuinho acabou virando uma história. Com isso vou ter tempo para investigar o que procurava ou ter a ajuda desse Santo, de grande devoção popular brasileira, para concluir meu próximo artigo..., o que está perdido.
oooCom ele, começamos um novo ano, um ano para não perder tempo. Um ano de ‘procura’ por novas realizações. Um ano de paz, prosperidade, muito amor e esperanças renovadas. Um ano como não deve deixar de ser: com Arte.

Visite uma galeria... Visite um museu.

Mauro Carreiro Nolasco
JANEIRO 2007