sábado, agosto 26, 2006

A fera Matisse

O mundo vive o nascimento de um novo século. Mal começa o século 20, ‘estoura’ a I Guerra Mundial (1914-1918). Um novo momento no cenário cultural – a vanguarda.
No final do século 19, o movimento que surge nas artes plásticas é o Expressionismo, entrando pelo século 20 – o artista passa a expressar seus sentimentos e intensas emoções –, surgindo em duas correntes: a alemã e a francesa, denominando assim o expressionismo alemão – die brücke (a ponte – ±1905-1913) e der blaue reiter (o cavaleiro azul – ±1912-1914); e o expressionismo francês – fauve (fera – ±1904-1908), surgindo daí a ramificação Fauvisme (Fovismo).
O die brücke era composto por artistas mais agressivos e politizados, os que integravam o der blaue reiter voltaram-se para a espiritualidade, enquanto que o fauves pregavam a alegria de viver, inconsistente nas formas e evasivo na espiritualidade. Ambos foram de fundamental importância às manifestações artísticas que o sucederam, como o Surrealismo e a Bauhaus. Teve início no final do século 19, por artistas plásticos alemães, destacando-se em maior evidência entre 1910 e 1920 e desenvolveu-se também pela: literatura, música, cinema e teatro. No Expressionismo o que predomina são os “valores emocionais” sobre os “valores intelectuais”, portanto, não há mais a preocupação com o padrão de beleza tradicional, passam então a registrar – o pessimismo da vida – pela angústia, pelo desajuste, pela dor do artista em face da dura e verdadeira realidade das coisas, e, em várias situações enfoca problemas sociais, pela deformação e abstração da realidade. Os objetos têm sua forma representada por marcante destaque das linhas de contorno, linhas essas também simplificadas e pela utilização de cores fortes. Passam também, o que foi novo, a aplicar as teorias musicais à composição plástica. Foi a atmosfera mórbida e decadente do final do século 19, que motivou vários artistas a inovar, criando obras com cores violentas e distorções ousadas. Os tons pastel não pactuam com o novo momento. E esse grupo de artistas tiveram a “denominação” e o “reconhecimento” por ocasião do Salão de Outono de 1905. O reconhecimento, nessa primeira apresentação pública, criou um certo alvoroço sendo daí classificados pelos críticos por fauves, “as feras”, o que levou a Fovismo, denominação dada ao movimento, mas cada um com sua própria identidade. Para que seja bem entendido há que compreender o movimento de maior magnitude – o Expressionismo. O Fovismo se caracteriza, fundamentalmente, pela oposição ao decorativismo da Art Noveau e também ao Simbolismo. Entretanto o grupo não foi coeso, os artistas eram distintos na maneira de expressar e ver o mundo, similaridade apenas no que os faziam produzir – a inquietação. E dentre eles fica aqui, nesse momento, o destaque para a pintura do francês Henri-Émile-Benoît Matisse (1869-1954), líder desse movimento sem qualquer contestação. A base do fovismo está no colorido agressivo e vibrantes dos pós-impressionistas Vincent van Gogh e Paul Gauguin – com rejeição à “forma” imposta pelo academicismo tal qual a luminosidade dos impressionistas , o uso da cor é de primeira importância e usada sem limites e o resultado atingido é de quadros tão belos quanto artificiais. O movimento buscava – harmonia e equilíbrio – da composição, por cores intensas e não-naturalista. Henri Matisse, um líder nato que ensinou e encorajou outros artistas. Sua carreira, que atingira o auge em 1917, foi longa e variada, inicia-se no Impressionismo e vai até a uma aproximação do Abstracionismo. O quadro “A Dança” é um exemplo representativo e marcante da fase fauve de Matisse.

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Mauro Carreiro Nolasco
MARÇO 2006