quinta-feira, setembro 20, 2007

A arte em seu fim

oooSerá “O fim da arte” o fim das “obras de artes”? – o fim de: pinturas, gravuras, esculturas, da música, da literatura?
oooHistoriadores da arte defendem a idéia de que a evolução da arte está ligada a sucessivas e contínuas transformações – naturais, formais e até não formais – responsáveis por sua história, desde as manifestações rupestres.
oooNos últimos quarenta anos, pelo menos, a arte escreve sua história com independência, com sua própria maneira de ser, seu caráter – livre e sempre reflexiva. O que pode ser entendido como uma nova relação entre “arte” e “mundo”, o que não implica ser seu limite final.
oooA arte sempre provocou forte dedicação dos filósofos em 'tentativas' de “entendê-la” ou “explicá-la”. O conceito de arte para Platão (427-348 a.C.) era a da obra executada segundo o modelo presente na mente do seu executor, o artista. Uma mera imitação.
oooO sucessor de Platão, Aristóteles (284-322 a.C.) em suas reflexões faz distinção entre – a ação e o fazer da arte. A ação está relacionada com quem produz arte, enquanto que a arte é o resultado dessa ação. Um fazer.
oooO neo-platônico Plotino (205-270) reformula Platão e defende que a arte não apenas imita o que o artista vê, e sim que ela aponta para as razões de origem do objeto natural. Um olhar para as idéias universais que transcendem a natureza.
oooA filosofia do período medieval retoma Platão, Aristóteles e Plotino. Um 'fazer coisas', orientado por um modelo, em nova visão. Esse 'fazer coisas' é acrescido de algo místico, que faz dessa arte medieval, denominada de Gótico, um fazer a partir da vontade do artista. O artista passou a mostrar o que pensava e o que sentia. A partir daí a arte passou, cada vez mais, a ser observada e entendida pelo que é intencional e, cada vez menos, como um fazer coisas. Até esse ponto da história da arte, a arte que era entendida por – fazer unicamente coisas e fazer coisas que revelam temas – passa a ser somente o – fazer coisas que revelam temas.
oooE entramos numa nova discussão: o belo e a arte.
oooO “pai da filosofia moderna” René Descartes (1596-1648) dedicou-se a direcionar o estudo da filosofia para uma nova direção, numa recusa aos pensamentos dominantes da época, o que provocou uma revolução no estudo da filosofia. O francês, filho de nobres, Descartes, tentou direcionar o estudo da filosofia para uma nova direção, recusando-se a aceitar os pensamentos que predominavam na época [filosofia denominada pelo método escolástico que se baseava em: comparar e contrastar visões reconhecidas pela Igreja]. Só acreditava no que conseguia provar sua verdade. Para se chegar à verdade era necessário partir do zero [até mesmo sobre a própria existência]. Respostas baseadas não na fé, e sim na suspeita. Desse modo de ver conclui “Penso, logo existo” (no latim - Cogito, ergo sum).
oooE o que tem Descartes a ver com a arte?
oooSua influência no “alargamento” da filosofia repercutiu nos estudos das ciências, da matemática, física, fisiologia, da justiça, da teologia e ainda provocou bons resultados no pensamento europeu. Influenciou inúmeros filósofos posteriores a ele. Suas idéias filosóficas estiveram sempre presentes nos séculos 17 e 18. Filósofos como Baumgarten e Kant, que dedicaram também seus estudos a arte, utilizaram suas teorias e princípios.
oooPara o alemão Alexandre Baumgarten (1714-1762) afirmou: o belo é uma propriedade da sensibilidade perfeita, como a verdade o é do pensamento.
oooEssa reformulação levou então à arte uma nova responsabilidade: criar a beleza sensível. A partir dessa conjugação é que decorreu a Estética, do grego aísthesis (sensação) – temos então a filosofia da arte.
oooO grande filósofo da modernidade, Immanuel Kant (1724-1804) marcou um segundo momento na filosofia moderna, ainda que com forte influência dos que o antecederam, ele desenvolveu uma nova Estética. Sua filosofia moral afirma que a base para toda razão moral é a capacidade do homem de agir racionalmente. É crença para Kant que: toda pessoa deve comporta-se de forma igual a que ela espera que qualquer pessoa se comporte, para uma mesma situação. Descrevendo assim que esse comportamento passaria a tornar-se uma lei universal. O fazer coisas belas, como a arte, assume agora, novas direções, sobretudo, cresce no tocante à expressão. Para Kant o belo representa o arquétipo da espécie que retrata o seu próprio juízo.

oooContinuaremos nessa análise no próximo artigo.

oooVisite uma galeria... Visite um museu.

Mauro Carreiro Nolasco
JULHO 2007